7.10.12

Casa que Flutua

A noite é sempre de repente.
Passarinho nenhum faz vôo rente pelas margens das nossas cabeças.
Uma casa boiando no espaço, como quem quisesse ser estrela.
Senti um calafrio, friosíssimo, me subindo pelo dentro da espinha e a nitidez da casa era tipo a de um sonho: nada falta e nada tem.
A casa era uma caixa apertada entre o contorno das árvores - e bem que podia ser só o contorno das árvores sem árvores dentro. Fiquei pensando em quem alí morava  mas já com toda a certeza de que era ninguém.
Aquela casa nasceu para ser vislumbre de sonhador perdido, só uma fachada de papel frouxo pra roubar um pouco da escuridão do escuro, fazer ele mais pobre em escuridez, por assim dizer.
A noite é sempre de repente e repetida.
E o sentimento da noite sempre repetido também: estrela, estrela, estrela, saudade. nada.

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