Quando a gente desaparece é como quando a gente vai perdendo as coisas por um bolso furado e sabe disso, ou como quando a gente tem tempo pra sentar no meio fio de uma rua sem postes e ver o dia escurecer até o final: quando a gente desaparece é como quando a gente então força os olhos no escuro pra achar "não-sabemos-bem-o-que", já sabendo que não dá.
Quando a gente desaparece é como quando a gente vai constatando um dia depois do outro que a geladeira só fica cada vez mais vazia. E a gente desaparece porque a gente não quer mais parar no posto da felicidade barata pra coletar umas garrafas de persistência; a gente quer agora é ver o último queijo da geladeira mofar mesmo e a gente quer comer ele depois, como num ritual pra matar cachorro morto.
Nunca perguntaram pra quem desaparece se quando a gente desaparece dói, ou se quando a gente desaparece é pra sempre.
Deve ser porque não se pode perguntar coisas pra quem já sumiu..
E de todo jeito não dá pra se lembrar de uma nuvem evaporada tal qual uma nuvem evaporada também não se lembra de nada.
E quem desaparece quer justamente é deslembrar, que nem a nuvem, quer ver a memória escorrer para fora conforme expira devagar.
(Mas a memória, tipo fosse o coração da alma, é a última coisa que vai embora no final das contas...)
Nossa Casa na Árvore, que um dia foi tudo, apodreceu e caiu e a gente não vai montar de volta porque a gente já não é mais o que a gente era...
"A gente já não é mais o que a gente era..."
E foi assim que a gente foi sumindo, se isso serve de exemplo.
Quando a gente desaparece é como quando a gente vai constatando um dia depois do outro que a geladeira só fica cada vez mais vazia. E a gente desaparece porque a gente não quer mais parar no posto da felicidade barata pra coletar umas garrafas de persistência; a gente quer agora é ver o último queijo da geladeira mofar mesmo e a gente quer comer ele depois, como num ritual pra matar cachorro morto.
Nunca perguntaram pra quem desaparece se quando a gente desaparece dói, ou se quando a gente desaparece é pra sempre.
Deve ser porque não se pode perguntar coisas pra quem já sumiu..
E de todo jeito não dá pra se lembrar de uma nuvem evaporada tal qual uma nuvem evaporada também não se lembra de nada.
E quem desaparece quer justamente é deslembrar, que nem a nuvem, quer ver a memória escorrer para fora conforme expira devagar.
(Mas a memória, tipo fosse o coração da alma, é a última coisa que vai embora no final das contas...)
Nossa Casa na Árvore, que um dia foi tudo, apodreceu e caiu e a gente não vai montar de volta porque a gente já não é mais o que a gente era...
"A gente já não é mais o que a gente era..."
E foi assim que a gente foi sumindo, se isso serve de exemplo.
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