21.11.12

Tapa de Plumas

Contemplava o puríssimo silêncio, o silêncio que independe do som.
As pessoas ao redor, que aos poucos desapareciam feito as estrelas que somem conforme o sol vai avisando que vai nascer; os gestos mudos, que não tinham a noção da despedida e que por isso machucavam.
Contemplava o sumiço de um mundo que um dia foi giratório, a substituição dele por um zumbido prolongado e depois o nada, tipo o disco de vinil chegado no final.
Coração não tinha mais um "pra quê" pelo que acelerar, foi ralentando.
O som de um coração batente ficou obsoleto; o planeta é das máquinas, o planeta é de quem diz "anda", não é de quem diz "sente"...
E eles querem que a gente esqueça tudo, pra poder ser saudável.
E eles querem enterrar a gente numa pilha de colchões e costurar depois, num claustro amaciado e sem dor...
"sem dor".

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