6.12.12

Diário de Apocalipse

Impressionante como é que o matinho descambou e virou uma floresta e a floresta cresceu e virou um mundo inteiro e o mundo devorou o universo e quando você achou que estivesse em casa, no coração da evolução das coisas, tudo aquilo que foi construído - todo o Império - despencou como serpentina molhada.
Você carrega um pacotaço de nitrogênio líquido dentro do estômago e a fumaça vai escapando pelos olhos e tudo o que você sente por dentro é o frio... um frio de freezer, onde a gente coloca as coisas que a gente só vai usar depois (algum dia, talvez!), as coisas em que a gente não quer pensar agora.
E todas essas coisas dentro de você: você não quer pensar agora, e por outro lado também não dá simplesmente pra jogar fora, como dá pra fazer com as caixas de almôndegas.
Elas são você.
Você não se pode jogar fora. Acabou.
Todas as partículas de carne martelada, todos esses mini-coagulinhos de decepção que vão se amontoando silenciosa mas desenfreadamente; você não pode se livrar da cama de alfinetes que um dia foi seu cérebro.
A floresta-mundo que parecia uma rainha e que iria ser pra sempre a nossa casa não passa de um delírio de tarde quente de carnaval, e quando o amanhã chutar a porta de entrada com uma espingarda e um ultimato de despejo a única coisa que o matinho-mundo e você poderão fazer é voltar a virar poça.

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