9.12.12

Sobre o Movimento dos Quartos Fechados

Tranquei a porta, girando a chave compulsivamente mesmo depois de sentir travar.
Não tem nada na minha barriga desde ontem de manhã, ou antes disso talvez... fiquei de pé sentindo o frio que vinha pela fresta entre a porta e o chão e imaginando por que é que as coisas sempre parecem muito diferentes quando a gente está do outro lado. Eu tinha certeza que do lado de lá e do lado de cá a temperatura era a mesma, então o porquê do vento? Por que é que as cosias sempre têm um cartão de visitas mentiroso?, um suspense?, uma amostra?, um puxãozinho de pensamento que faz a gente delirar.
A culpa do delírio é das coisas que sensualizam com a mente e nunca vêm de verdade, eu tinha certeza.
Não sei o que eu fazia ainda ali, é uma coisa esquisita...
A gente quer fugir, porque esse é o único jeito, mas quando a gente sai de casa e vê a chuva e se lembra que não existe um único lugar pra gente ir, a gente volta e aí se tranca no menor cômodo da casa, como que numa tentativa de fazer desfeita, de viver um avesso, de revolta.
"Então se não posso o tudo, então vai ser é o nada mesmo."
E o nada e o tudo são exatamente a mesma coisa: um cubo sem arestas palpáveis, mas que apesar disso ainda se chama cubo, só para fins de inquietação e claustrofobia.

Um comentário:

  1. "E o nada e o tudo são exatamente a mesma coisa: um cubo sem arestas palpáveis, mas que apesar disso ainda se chama cubo."

    sempre que tentava uma metáfora pra explicar o porque de pensar que o nada e o tudo são a mesma coisa, não conseguia formular nada convincente.... tá aí.

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