As mágoas sedimentaram e ficaram quebradiças e a gente não sabe porque a gente nunca mais (nunca mais) vai encostar nelas de novo.
A gente falou pra gente que as mágoas são passado. É passado.
A getne não é muito convincente.
Às vezes a porta entre meu escritório e a rua fica escancarada e eu vejo o sol atacando o cimento e ele é tudo o que eu quero pra mim, mas só que vai ter que esperar.
Pra meio-dia ainda faltam umas horas.
Eu não consegui ainda - entre espinhos, nuvens, porradas e apertos - descobrir o nome da sensação.
Um gelo em chamas com grandes poderes de sucção entrou algum dia (ou nasceu) entre as minhas costelas (um pouco mais acima) e talvez isso seja eu, ou talvez não.
Eu queria que o passado fosse tão invisível quanto o futuro.
Eu me vesti de corvo, eu me vesti de águia, eu me vesti de pardal, eu me vesti de tangará-desmarestis (uau!)..
E eu nunca consegui fingir bater asas e por isso ninguém acreditou.
Não encontrei aquilo me pediram pra eu encontrar, porque esqueci o que era no meio do caminho.
Puxa, eu tinha tantas coisas a dizer mas uma cerca espetada me trava o pensamento e eu continuo a frase num murmurro tão baixo que nem eu posso escutar.
A gente não pode dizer as coisas que a gente quer, seja por uma razão ou por outra.
E isso me deixa puta.
A gente nunca mais vai tocar as mágoas de novo, nem pra ver se estão vivas, a gente jura.
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