1.7.13

Madrugário (número X)

A cor de céu pela manhã seguinte era rosa e azul - mais pra rosa que pra azul - mas antes disso ninguém acreditaria que iria ser assim.
Esse cheiro esquisito vinha de mim? Eu acho que guardei da madrugada, como quem guarda um gole de bebida debaixo da língua pra sentir arder por mais tempo e nem sabe bem por que, ou, mais pateticamente, como quem guarda a casca dura do queijo devolta na geladeira porque não sabe se se classifica como lixo ou comida.

Eu apaguei todas as luzes da casa ontem a noite, que era pra me vingar da madrugada - que também apagou as minhas. Afinal, um lampejo (apesar de ficar na memória) nunca é o suficiente pra iluminar 12 horas completas de apreensão.
Bichinho-verme sem olho que mata monstro, monstro que mata a gente. - foi esse o sonho.
Nós estamos na base da cadeia alimentar.... 
Se a gente fechasse os olhos o nosso cheiro desaparecia e nem o bicho e nem o monstro podiam achar a gente...
Mas aí de repente a gente ficava parecido demais com o Grande Predador (sorrateiro, rastejante!)...
E aí o estômago revirava pior, porque a gente não tinha dente pra mastigar carapaça de monstro e nem nada...
A gente quer ser cego ou a gente quer partir?

Eu acordei e tudo o que eu sabia era que eu queria saber mais sobre o movimento do mar e dessaber o resto todo. Sim! E dessaber o resto todo...

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