14.10.13

Eu nunca sei bem como é que as transformações acontecem, mas parece ter que ver com qualquer coisa a respeito da iluminação em cima das coisas... Por exemplo: naquele dia nós dois sentíamos as luzes dos postes se apagando uma a uma, em fila indiana, como se fossem dominós, como se fossem células que morriam com estalos dentro dos nossos peitos; e a escuridão avançava em nossos olhos e pouco podíamos ver um do outro e cada vez menos você era você e cada vez mais você era aquilo que eu tinha escolhido da memória para você ser. E quando a noite silenciou completamente nosso alcance do real, você deixou de existir e diante de mim se prostava então uma criatura nova... que se esguichou esfumaçada para fora dos meus pensamentos e agora me olhava intrigada, julgadora e plenamente ciente de todos os meus poréns.

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