7.10.13

Eu vejo ele correndo descalço sem camisa num pasto preto e branco com um arco iris preto e branco no final; é infinito correr dentro de um sonho sem paredes, a estrada a grama engole e os calos são mais metáforas do que feridas.
Meu coração fundiu-se ao meu estômago e eles pulsam uma náusea antiga que eu nunca senti antes nessa vida, mas que eu já conheço porque sempre estive por aqui esperando por ela.
Eu vejo ele correndo e eu quero que ele fique assim pra sempre, de costas pra mim (pra eu não me decepcionar), eu quero que ele jamais saiba a razão de estar correndo e eu quero que ele não sinta as articulações das pernas que se movem, mas sinta cada milimetro de grama úmida que se mescla aos dedos. Eu quero que ele seja tudo e nada, infinitamente...
Porque ele é a minha casa e pensar nele é me libertar das paredes grossas de um escritório e de um amor semi (só semi) correspondido; e pensar nele é adormecer entre cacos e acordar em algum lugar onde a palavra cacos não passa de uma alucinação.

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