7.3.16

O desejo de ser extirpado de todo sentimento, como quem deseja se livrar de uma perna a mais para se tornar igual.
Tire isso de mim e eu não serei mais uma fonte de choramingos e questões; tire isso de mim e eu não serei mais fraca; tire isso de mim e eu serei mais próxima do ideal de gente.
O desejo de por os sentimentos abaixo por um ralo, silenciosamente. O desejo de não precisar dizer. E o eterno sentir-se idiota, ridículo, sem saber ser outra coisa qualquer que seja.
Eu queria encontrar um lugar pra mim, protegido contra indiferenças-punhaladas.

Um comentário:

  1. A terceira perna lhe era um punhal. Um punhal retorcido, afiado, por onde escorria o sangue de todo o sentimento. Sentimento dito e desdito, punhal enferrujado por entre os lábios. Tomo o punhal e é o punhal o que eu sou inteira. Encravo-me em teu peito. Não, não tiro isso de ti. Nem a vida e nem a morte. O teu lugar é o lugar onde pulsa todo o sentimento. Ali onde eu ardo contigo. No corte.

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