17.6.10

Lado escuro

É que o Lago é quieto, mas às vezes cai orvalho no espelho d'água e o "plim" é o bastante pra eu fingir pra mim mesma que a gente conversou.
Eu sento na beirada e peço pra que ele fale para mim todos os segredos.
Só vem mesmo o "plim" e uma respiração e nada além disso.
Aí eu fujo, tenho medo de não me restar tempo de descobrir os meus próprios segredos.
Mas ele respira de novo, assim que lhe viro as costas.
Se eu hesito um pouco mais em voltar, ele me dá a cartada final e permite que o céu despenque para que as gotas pesadas toquem a sua supercície e eu possa apreciar o grande show nos céus.
Eu arrisco uns aplausos quando a música chega ao fim, mas o silêncio é duro e eu sinto que aplauso foi pouco e que talvez eles estejam esperando a gorjeta.
Se atiro umas moedas.... nada.
Nunca vou saber o que eles esperam, há uma grande diferença entre os de carne e de osso e o lago e o céu e as nuvens e a lua.
Eu penso, nesse momento, que daria tudo para que caíssem as barreiras entre nós e eles.
Ou que ao menos eu fosse um deles - há espaço pra mais quantas estrelas no céu?
Se eu deixar os pensamentos assim voarem, corro o risco de virar a madrugada e posso então ver o sol chegar e atravessar o prisma do meu Lago Verde, que aí deixa de ser verde e passa a ser da cor que eu quiser.
Mas o sono sempre lesa meu cérebro e meu corpo e aí eu durmo antes de poder dizer "Verde me basta".
Fecho os olhos e não me preocupo com mais nada, porque apesar de tudo se o sol estiver forte demais eles providenciarão o Eclipse pra mim.

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