16.11.10

Pôr-do-Sol

Durante a noite sonhei que o Sol se punha no oeste.
Me deu uma baita angústia - esquisito como uma cãibra nas cordas vocais - quando ele se ergueu e fez os 90 graus bem ao meio dia.
Eu bem que pensei "Pra onde que tá indo esse pirado???".
"Tá tudo errado!" e "Não era pra ser assim!" foram umas das coisas mais delicadas que eu disse, enquanto balançava a caneca de café contra o céu.
Uma meia hora e eu aquietei, pelo menos o corpo.
Talvez não me fosse sair mais voz se eu tentasse e minha boca não estava a fim de testar, por isso fiquei muda.
Fiquei pensando...
Eu tinha mesmo eram umas boas cinco horas para pensar a respeito e ter certeza de que ele não iria voltar e fazer o que tinha que ser feito.
Eu achava que ele iria voltar, que eu tinha entendido tudo errado. Que meus olhos acordaram tortos...
Eu cheguei a chamar um médico.
Com meus olhos estava tudo bem, mas ele me passou um remédio para sonhar menos.
Ele me disse: "Em que sistema você está, afinal de contas? Esse sol sempre se pôs no Norte, companheiro..."
Aí eu meio que senti um alívio, mas era bem esquisito.
Quero dizer, eu disse para o médico e disse para o sol: tudo bem, mea culpa! Continuem por aí e façam o que deve ser feito.
O médico foi embora e o sol começou a se pôr - no Norte - e eu estava bem.
O que que eu tinha a ver com as coisas do Sol? Quem diabos pensava ser?
Expulsei a apreensão com um pontapé para fora da minha varanda.
Tudo normal.
Fiquei lá e vi os dez últimos segundos de norte manchado de laranja.
Só depois é que eu olhei para o oeste e vi o verdadeiro sol se por, tão longe que a gente não viu.
Ou então era só um cometa carregado das minhas esperanças de que não fosse só sonho o sonho que eu tive noite passada.

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