5.3.11

Não é inveja

É que às vezes olhava por trás das saias floridas da avó e via as meninas, também de nove anos (mas tão mais crescidas...), que iam desfilando pela calçada com suas franjinhas impecavelmente bagunçadas pelo vento gente boa e seus vestidos de cores várias, de cores que as saias floridas da avó nunca sonharam em ter.
Daí batia um "aiaiai!" tão fundo no coração, de querer ter também as pastas de bonequinha e os cadernos caprichados... e quando a avó dava a pasta de bonequinha era legal só na hora e depois já não era mais a mesma coisa e que frustração!!
E os cadernos nunca que conseguiu deixar limpinhos por mais que uma semana.
E depois era a professora puxando pela orelha, e doía que só vendo.
Menina sujinha, escondida atrás da saia da avó ficava vendo escondidinha as tais das outras e suas pastas e seus cadernos e suas franjinhas e seus sorrisos tão largos e sinceros (desses que nunca conseguiu dar), e tudo o que queria era também fazer parte de tudo isso que é tão mágico... sem tropeços, sem gaguejos, sem hematomas de moleque nas perninhas finas... com os cadernos caprichados.

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