7.3.11

Sobre eclipses e ciúmes

Semicerrava-os ao Sol, como se não houvesse nenhuma outra direção a voltá-los que não fosse essa.
Eu, por minha vez, desviava... como se houvessem todas, menos aquela.
Daí franzia as sobrancelhas e as deixava bem justas, severas, e eu olhava curiosa pra saber se a bronca era comigo.
Nunca disse nada em momentos como aquele, e mesmo se dissesse eu não iria entender com esses ouvidos que só ouvem o que querem, daí a gente deixaria pra lá.
Talvez fosse por isso mesmo que ficasse de boca trancada, pra evitar tumulto e pronto.
Daí era uma angústia completamente descabida que me acertava como um tapa na cara, e me dizia soletrando devagar que desviar palavras é muito fácil para quem é mestre em desviar olhares.
E aí eu olhava e olhava de novo e o olhar que eu queria como nada mais nesse universo era pro Sol.
Cegante Sol, eu te invejei algumas várias vezes e muito mais ainda...
Se doía olhar pra Estrela, tenho certeza que culpava a si e não a ela:  seu corpo imperfeito, sua fragilidade. Mas aí, se doía olhar pra mim (e doía mesmo), era por conta dos meus pedaços faltantes, que eu sei.
Era com isso em mente que eu olhava dos meus joelhos pro riacho cheio de luz refletida lá de cima e pensava comigo mesma que em próximas vidas terei de nascer Lua se quiser me por entre o meu amor e seu maldito farol.

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