8.3.11

Sobre sobrecarga

Daí se contorcem as entranhas e sopra um vento geladíssimo na nuca.
Você olha pra cima e é o céu todo manchado e não é nem nuvem e não é nem sol, e você daí não sabe se sente frio ou se sente calor.
Você põe o casaco nas costas, mas deixa o peito nu.
Seus olhos lacrimejam feio, e é por causa da tempestade de fora ou por causa da tempestade de dentro?
Você não consegue descobrir de onde vêm e nem pra onde se vão os pingos daquilo que você acha que pode ser que seja uma chuva.
Os outros todos gesticulam alto, com as testas suspensas e as veias do pescoço latejantes como você nunca viu e você não sabe se todo o alvoroço é porque estão zangados ou se é porque eles são assim mesmo.
Você se sente diferente.
Você é diferente deles e é diferente de você mesmo.
Putz grila! Você achava que se sabia... pelo menos um pedacinho.
Mas da forma como as coisas andam acontecendo você não sabe o que pensar, não sabe o que sentir e é por isso mesmo que nada faz e é por isso mesmo que tua expressão não muda e tuas veias não saltam como a deles.
Porque teu corpo não reage aos teus pensamentos...e isso porque teus pensamentos são picotados demais para que a gente possa chamar eles realmente de "pensamentos".
Daí o corpo não entende, colapsa.
E é esse você colapsado que agora se mantém numa "pode ser que seja uma chuva" e espera enferrujar.

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