22.3.11

Sobre a gente tentando chegar lá

Em situações como essa nós temos duas escolhas:
Ou a gente finca os pés na areia e aguenta o tranco ou simplesmente deixa a próxima onda levar a gente de volta pra praia.
Ou vocês realmente acham que taxis marítimos caem do céu? Acham realmente que topam fazer o serviço de graça? - a gente não tem nem um tostão, ou vocês esqueceram disso?
Além do mais, coitados, essa rota que a gente quer não tem mapa e não tem direção e nem foguete dá conta do recado.
E o seu cavalo alado também não serve de nada porque eu já tentei com o meu e não funcionou.
Eu já tentei com o meu submarino, eu já tentei com a minha nave espacial, eu já tentei com asas que você me emprestou, eu já tentei de patins e de carroça, já tentei de teletransporte e carona na garupa do Flash.
Não funcionou, não funcionou, não funcionou, não funcionou, não funcionou, não funcionou e não funcionou, respectivamente.
Quase sempre cheguei, mas sempre no lugar errado.
Acho que esse tipo de percurso a gente traça a braços e pernas, e essa é a nossa única opção se a gente ainda não sabe exatamente as coordenadas, se a gente não sabe onde é que é "lá".
E a gente não sabe, que eu sei.
Eu sei também que tem onda que bate e dói, e que gela até a alma.
Eu sei que arde, que os olhos se cegam pelo sal e aí fica escuro... tudo escuro.
E sei que se a gente tenta mergulhar pra evitar as trombadas doídasl, fica surdo.
E perde o ar... a gente perde o ar, a gente engole água e pensa que vai morrer.
Não, não... a gente não pode mergulhar, agora eu sei.
A gente tem que ficar de pé!
Se vier marola, a gente relaxa e deixa passar e se vier daquelas grandalhonas espumantes e raivosas a gente faz a mesma coisa!
É... a gente faz a mesma coisa, mas antes finca os pés no chão.
Já falei né... ou é isso é deixar ela te levar de volta, você não quer voltar, você sabe que lá não é .
E daí depois vai ter que nadar de novo aqueles metros que você deixou pra trás.
Você não quer isso, acredite.
Eu não sei o que acontece quando fica tão fundo que a gente perde o chão... suponho que a gente deva se esforçar ainda mais! - e puxa! a gente não consegue nem imaginar o que é isso!
Mas eu acho que é assim que é.
Tem gente, eu vi, treinando no raso e ergue as pernas e boia e chora com medo de morrer afogado.
Engraçado né?
Acho que eu também já fiz isso, quando não sabia que dava pra ficar mais fundo.
Agora eu sei... e sabe uma coisa?
Saber não serve pra nada, porque eu continuo às vezes agindo como se esse negócio duro sob meus pés fosse tudo menos chão.
Você também, ou pensa que eu não vi?
E, se quer saber meu palpite,  acho que quando a gente perder ele de verdade aí sim gente vai aprender como é que se nada e aí nossos braços e pernas vão ser mais fortes que qualquer tsunami.

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