25.4.11

Sobre inevitabilidade e negligência de tal


Não raro acordava com a perna direita dormente.
Era engraçado nos primeiros segundinhos enquanto se dava conta de que era o vigésimo oitavo, vigésimo nono, trigésimo dia consecutivo.
Era de se esperar, por conseguinte, que a experiência no assunto se fizesse valer quando desse a iniciativa (muito prorrogada) de se levantar da cama por fim.
Mas era só vir a dor e o passado de prática e treino se esvaía com um enorme "AI!"
Já sabia: a dor iria embora quando permitisse a ela que alcançasse seu clímax, quando a confrontasse, quando pisasse firme, como homem, de uma vez por todas no chão.
Sempre se perguntou de que serviam as teorias se o aprendizado real vem com a prática.
Agora se pergunta de que serve a prática se a dor dói forte de qualquer jeito.
E pensava que a conhecia, que já eram íntimos depois de tantos encontros matutinos; e pensava que seu organismo já estaria acostumado, e pensava que, se fosse pensar bem, das outras vezes nem doeu tanto assim.
E agora o que pensa é somente que lembranças têm um ponto fraco (ou forte?), e que esse ponto fraco é que se baseiam apenas no que se pensa na hora em que as coisas acontecem e não é como se elas realmente estivessem acontecendo de novo.
Sobre as experiências anteriores com a dor, pensava: doem.
Mas "doem" é apenas um conceito vazio que só vai se fazer valer quando o verbo se consumar de novo.
E quando ele se consumar de novo, o que vai acontecer é que as lembranças de nada servirão, serão rebaixadas ao ridículo.
Nenhuma memória de dor se compara ao ato de sentí-la.
E aí, apesar de tudo, apesar de já saber que basta colocar o pé no chão e aguentar firme, vai continuar pulando de um pé só pela casa, como se uma hora o momento de voltar a ser bípede fosse vir de graça e a dor fosse escolher outro inquilino para bater à porta.

Um comentário:

  1. Primeiramente, TIRA ESSA PORRA DESSE CINZA E COLOCA UMA COR DECENTE NO BLOG.

    Segundamente, não entendi nada... mas não era pra entender mesmo né? assim como eu era (e ainda sou, mas no momento não estou), você escreve pra sí, e se basta. eu não, agora escrevo pra fora, e por isso não tenho mais muita paciência pra densidade.

    beijos, minha irmã.

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