28.7.11

Sobre os supers e calcanhar de Aquiles

Aquele não era mais um homem invisível.
Aquele estava mais para um cara de invisibilidades.
A gente podia vê-lo vagando por aí e atravessando tudo o que viesse pelo caminho sem se dar conta.
Ele deixava que carros, dragões, banquetes e mocinhas indefesas perfurassem seu peito e seguissem adiante sem sequer percebê-los.
Ele ia tão obstinado, marchante, sempre em frente, que quando a gente se prostrou debaixo do nariz dele ele não sentiu o nosso cheiro, ele não ouviu o nosso "espera!", ele só continuou indo.
E o problema do foco é que o resto do palco se consome em trevas e afinal quem é que falou que é justo naquele pontinho específico que o que importa de fato está acontecendo?
Quem é que disse que aquele é o protagonista, que aquelas falas valem a pena?
E o nosso homem e seu super-poder de passar uma borracha em todo o resto, um dia passou por um certo algo deveras importante e também esse certo algo foi reduzido à mesma condição dos móveis, das calçadas, das nuvens e dos bem-te-vis já tanto subjugados.
Daí você me pergunta: "e daí?"
Daí... daí que esse... esse era deveras importante.
E dai que agora já era.

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