8.9.11

Noturnal

Antes de ir dormir tudo o que você queria - você pede a deus, ao diabo, ao sei lá quem - era que alguém enfiasse a mão no fundo da tua cabeça e alisasse os nós.
Tudo o que você queria era não ter dúvidas, era poder ver a linha reta, era confiar no próprio taco, era não olhar pra trás.
Tudo o que você queria era ser um dardo: veloz demais para ser desvirtuado pelo vento.
Tudo o que você queria era se desanuviar, era deitar a cabeça leve e sentir o coração bater no ritmo correto, era ouvir o barulho da chuva caindo e não questionar se "é chuva mesmo ou um tiroteio de fracassos" lutando contra o teu telhado.
E o que interessa é que, seja um ou seja outro, tanto faz!, um dia ele desaba... ah, se ele desaba!
E afinal pra quê telhado?
Tudo o que você queria era não precisar desse tal telhado.
Tão simplesmente isso.
Era sair pelas calçadas com as mãos nos bolsos assoviando e se parabenizando pelo bom trabalho!
Ninguém pode ser tão bom em ser você quanto você mesmo.
Mas nem nisso, nem no bastardamente óbvio demais, você consegue confiar.
Você não é firme!
Você é um molenga!
E o molenga, a essa altura do campeonato, estica a mão e pega mais um comprimidinho que essa noite só dois não vão dar pro gasto (de novo).

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