10.9.11

Sobre a margem

Houve um tempo em que olhava o mundo do que pensava que fossem nuvens.
Lá de cima nada o afetava, exceto vontades temporárias a respeito das coisas legais que poderiam haver lá embaixo. Daí caiu. Ou está em queda ainda, não sabe dizer.
O mundo não é guerra e o mundo não é paz (se é que isso é mesmo o tal do mundo), o mundo é uma tempestade de areia e não existe chão.
...
Ou talvez exista, mas não pra quem é leve demais, fraco demais.
Esse fica boiando por aí e não tem força nem pra subir e nem pra descer.
Daí quer se agarrar a qualquer coisa, que o estômago a qualquer instante vai colapsar com tantas reviravoltas.
Sente as pernas e os braços amputados e levados pelo vento (se sente incapaz)... mas talvez eles ainda estejam lá! É que ao mesmo tempo que dói, não os sente. Parece mentira, mas é verdade.
E é que no meio da tempestade não dá pra enxergar, não dá pra conferir.
Não enxerga mais o mundo, não enxerga mais a si, não enxerga nada.
Chora e não sai água. Sai areia dura e áspera que rasga a carne até os ossos como que pra dizer que nesse lugar entre a terra e o paraíso não é permitido nada, nem chorar.
Nesse lugar, entre a terra e o paraíso, é tudo um borrão.
E a cólera que vem de dentro não é nem sequer por causa disso, é por causa das silhuetas ocasionais que podem ser vistas em meio ao caos e suas expressões faciais doentiamente serenas.
Aí pára (como se estacionar fosse uma opção) e se questiona: afinal a tempestade é dentro ou é fora de mim?

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