13.10.11

Manuela

Manuela se fantasia de trapo no carnaval. E também fora dele.
Manuela tem sob os pés uma pilha de lixo, e estende sobre ela o pezinho delicado enmeiado em lã marrom.
Manuela é rainha da própria baboseira, com fones de ouvido king-size pendurados no pescoço feito forca.
Nunca usou pra ouvir uma música.
Manuela se contradiz em absolutamente tudo, é uma louca varrida.
Sob as mechas loiras-quase-brancas se rebelam os cachos castanhos, os verdadeiros donos do pedaço.
Uma guerra entre o real e imaginário que nunca vai ter vencedor ou perdedor... que pra Manuela o caos é a medida certa, que pra Manuela a pilha de lixo é pilha de "interessâncias" e ela poderia nadar alí meio que como uma sereia cheia de classe.
Só que Manuela não tem classe alguma, é uma porca.
Senta-se no sofá da sala da lareira com as pernas abertas feito macho, e em seu auto-retrato preferido ela tinha apenas oito anos e usava uma meia arrastão enquanto apontava um rifle pro mundo. Só de brincadeirinha.

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