7.11.11

Sobre crachás e tentativas

Hoje você sente que há uma certa burocracia interna que te impede de dizer as coisas.
É bem isso mesmo, tipo politicagem.
O mundo todo é uma gravata e uma meia dúzia de palavras solenes.
Daí que você se pega tentando aderir à pompa, puxar um cantinho da gravata para si. Só um traguinho.
Só que o vento não perdoa e empurra tudo quanto é pano que só faz fazer peso pra fora. E como se não bastasse, essa gravata não é do tamanho do seu pescoço.
Esse seu pescoço que é largo, esse seu pescoço que é espaçoso.
Alguma coisa dentro do seu cérebro te manda dar um jeito nisso, te vira!
E daí fica aquela sensação de que não existe escolha, de que vai ter que servir, sim senhor. Nem que seja preciso para tal arrancar a própria cabeça (e quem sabe depois improvisar uma de palha no lugar!).
Assim sendo, você apela para toda sorte de artifícios de costura e remendagem e no final do dia o trapo emendado com alfinetes permanece no seu pescoço, enfim, parecendo estar de fato firme e protegido contra vendavais dos mais potentes.
E você, bonito que só, continua se sentindo um idiota (ainda mais) deslocado só que dessa vez com um diacho de um nó do bem apertado que só faz tornar estéreis suas cordas vocais. E nada além disso.

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