24.12.11

Alles Nahe werde fern II

Tudo o que está perto se afasta, como os farelos de João e Maria que os passarinhos vão levando embora sem a gente se dar conta.
Quando a gente chegar lá (se é que a gente um dia vai) não a gente vai ter nada nos bolsos pra gente lançar no canteiro e ver se dá árvore de pão.
E não interessa se árvore de pão não existe: era isso que a gente queria, foi isso que a gente sonhou...
Mas a gente foi largando as sementes por aí, uma de cada vez, cada vez com uma desculpa diferente; e o caso é que não dá mais pra pegar de volta que o caso é que o passarinho não volta mais.
E eu não sei que é que se faz com estas mãos incontinentes que deus engenhou, tão cheias de espaços entre os dedos, e eu não sei que é que se faz com esses braços fracos que não abarcam as coisas importantes por tempo o suficiente. Eles são magros demais: a qualquer hora elas sentem frio e vão embora.
Tudo o que está perto um dia vai para longe, e a saudade é sempre o capítulo final de todo livro.

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