23.2.12

Você se desloca marchante para o oeste objetivando ver a lua mais de perto.
E engraçado é que não. Pelo oeste também não faz diferença alguma.
Depois de todo esse tempo você ficou esperando um momento de reviravolta, um abrir-de-olhos, um estalo. E não. De novo. Nada aconteceu, nada vai acontecer, a lua continua longe.
Quando te embalavam no berço a história dizia respeito a várias desgraças mas também sobre um final deslumbrante. Fosse que história fosse, era sempre assim.
E a questão é que no fim, o fim real, você estará velho demais para ter qualquer brilho ou deslumbre; a questão é que no fim você não sabe mais o que isso significa, você caducou!, e a questão é que até lá você sabe mesmo só o significado, um grão de farelo do deserto que imagina o temporal.

Não existe deslumbre. Não existe brilho. Tudo é cinza pra tudo quanto é canto e o mundo não se chama mais mundo: agora se chama Kansas.
Você acordou e nada é bom, de repente. É que seus olhos é que são ruins... é, deve ser.
E que diferença faz? Esses são os seus olhos e você nunca terá mais nenhum outro. Serviria de consolo pelo menos experimentar os olhos das mocinhas que atravessam as high-ways sem deixar borrar a maquiagem, sem cair do salto, sempre com aqueles dentes brancos demais...
Serviria de consolo pelo menos saber se é tudo uma máscara de momento - e cê dá sempre o azar de estar lá na hora H - ou se elas realmente não tem fios de cabelo caindo pelo chão feito um rastro de porcaria como os teus.

2 comentários:

  1. Nossa, ótimos seus últimos textos, guida.
    Esse tempo aí está te fazendo bem,
    ou pelo menos aos seus textos. haha

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  2. Legal querido! Que bom que você gostou... eu sempre fico feliz com isso. Já voltei da incrivel jornada, espero que a gente se fale logo logo. :)

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