3.3.12

Praça

Me sento com os pés virados um para o outro no banco longo da praça, dividindo o espaço com casais insuportáveis e velhos e pombos... mas mais pombos que qualquer outra coisa.
O sol agora queima meu pescoço, que sempre foi deveras branco, porque agora meu cabelo é curto como de menino.
Os pombos bicam os meus pés feito meus pés fossem cubos de milho feito meus pés fossem lixo.
Dou-lhes um chutaço e eles sempre retornam, eles sempre retornam...
Parecem eu. Tomando chute e voltando, tomando chute e voltando, tomando chute e voltando. Como se nada tivesse acontecido, só para tentar continuar bicando dedos mindinhos de pessoas de rostos camuflados pela altura, agindo como se os dedos fossem migalhas e tratando as migalhas como fossem ouro.
Parecem eu, esses pombos.

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