5.3.12

Tristes, mas honestos.

A gente se revira do avesso por qualquer coisa pouca.
A gente chora pela lua porque ela está deveras longe (insuportavelmente longe) mas fato é que se ela estivesse perto demais a gente choraria o sentir-se sufocados também.
O diabo que carregue os pensamentos tortos da gente que enterra a cabeça no chão procurando sarna nos fundilhos do próprio espírito.
A gente, que tanto busca o simples minimal, a gente usa nós no lugar dos fios de cabelo.
Nossos olhos têm vinte pares de iris - quiçá mais! - cada um e a gente olha por todos os lados enxergando várias coisas, sem definir o contorno de nada.
Nossas mãos pegam tanta terra que a terra tomba toda pelo caminho e quando a gente chega em casa de noite pra procurar os rabanetes que vieram com a rede a gente não encontra um único desgraçado.
Nossas mãos são tão vazias quanto as noites são cheias de arrependimentos.
E apesar dos olhos opacos e dos pescoços cansados atirados à frente feito galinhas mal-ajambradas; apesar dos cascos estraçalhados de tanto darem-se coices uns aos outros, apesar dos corações espremidos duelando com taquicardias esganiçadas, apesar disso e apesar de aquilo, apesar de tudo ser nada e nada ser tudo e os nós nos cabelos e os nós na garganta... apesar da tristeza, ainda somos no final das contas uns românticos honestos e bem-intencionados.

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