12.4.12

Noturno

O breu rouba a noite feito o cão apossado do osso.
Eu fujo do escuro do meu próprio mundo para me lançar na boca escura da madrugada - essa, escura de forma literal.
Sempre achei que essa boca tivesse bafo de ranço de peixe, mas hoje (e ontem) ela resolveu me convencer a posicionar o nariz no lugar certo: agora tem cheiro de mar das 5 da manhã. E há uma grande diferença, quer os outros percebam ou não.
Miro meu telescópio para a Lua, aquela que antes era uma pedra.
O carbono diamantou sob a pressão dos meus sentimentos exagerados, sob o drama, e a pedra agora tem ares de solitário.
Ela continua sendo uma lasca qualquer do cosmos, isso não vai mudar, mas hoje me deixo ser mais humana e admito que brilha feito uma condenada. E tanto faz se brilho é só mais um conceito e que no fundo não existe diferença entre lama e ouro; a Lua tem ares de solitário e é maior que todas as estrelas.
A Lua é maior que o Sol, porque pro Sol eu não consigo olhar que ele não deixa.
Então eu olho só pra ela, cheia de permissividades!, e por isso só ela existe então.

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