10.4.12

Um cara deitado no rio boiando

Um cara deitado no rio boiando.
Tudo escuro.
Às vezes o universo parece um farelo, uma migalha.
E eu como ela inteira e eu penso que acabou. Essa minha arrogância ainda me mata (tomara que mate mesmo!).
Mas aí não.
Mas aí tomo pancadas de Hubble bem no occipital:
Um montão de galáxias se proliferando feito coelhos na primavera.
Um respiro novo e as veias parecem que nem são mais as minhas.
Para ser mais exata: o cara deitado no rio boiando é uma galáxia totalmente nova que acabou de nascer na minha pupila.
Bum.
Não tem mais migalha, agora é o oposto.
Agora o oceano é fundo, fundo, fundo, fundo.............
Quanto mais pra baixo vou, mais pra baixo tem pra ir.
Sinto medo desse todo repentino. Infinidade sempre foi um conceito imbecil em que evitei pensar porque a verdade é que me borra as calças.
Tudo é um bolão monstruoso de responsabilidades, e nada é uma rede e um drink e uma tarde inteira de vazio.
Eu sempre puxei de mão o segundo mesmo.
Mas comigo não há meios termos.
Ou sou cega ou vejo tudo de uma vezada só. Não me resguardo para certas cores feito muita gente que eu conheço por aí.
[ Reticências.
Eu e a minha arrogância... Ou eu mato ela logo, ou então é ela que me mata (tomara que mate!). ]
O que importa é aquilo que sempre importou: aquela coisinha mínima que virou grande do nada bem dentro do buraco negro... digo, bem dentro do seu coração; aquela avalanche descontrolada que surgiu por causa de um grãozinho banal novo no cosmos.
O grão novo aniquila em porrada a palavra "obsoleto", a palavra "gasto", a palavra "cansado".
Não tem pra ninguém.
Um cara boiando no rio de nanquim.
Putz!
Essa é uma cena que eu nunca tinha imaginado, ela é completamente nova.
E ela é isso e ela também me faz perceber que outras cenas ainda mais completamente novas estão por vir e eu não vou dormir tentando descobrir quais são. Eu não vou dormir.
E vai ver que eu até descubro mesmo uma ou duas por conta própria... é pra isso que serve o ser humano, acho.


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