17.5.12

Algumas pessoas nascem com a mania chata de querer ver.
Uma fome óptica, uma teimosia.
Ficam com os olhos nas mãos, tentando mirar até onde a cabeça não chega.
Enfiam os olhos pela laringe pra ver se podem ver de onde é que vêm os comichões e que cara têm as minhocas de dentro.
Mas essa estratégia de tomar os olhos pelas mãos feito o que Homem Pálido faz, deixa um rastro de buraco na cara das tais dessas pessoas, um baita monte de furos! (Viram peneiressoas ou pessopeneiras.)
E se quer saber, talvez esse - o desfigurado - seja um retrato bem mais preciso do que elas são de verdade.
E a verdade, a realidade, é uma beleza mesmo...
O que eu não sei é se elas passam mesmo a ver mais coisas ou se simplesmente passam a ver umas (as que ninguém vê) e deixam de ver outras (as que todo mundo vê); e daí se tornam uns esquisitões empastelados de perspectivas incomuns, mas sem que isso seja algum ganho real. No final das contas, depois de tanto esforço, elas acabam no 0 a 0.
Pode ser que talvez exista uma quantidade limitada de coisas que um cara pode ser capaz de enxergar na vida... pode ser que talvez os olhos tenham uma cota de imagens que podem processar por vez... pode ser que talvez o âmago tenha limite, sim! E tudo o que a gente pode fazer com o nosso pífio livre-arbítrio é escolher em que número da roleta vai querer apostar as próprias pupilas dessa vez.

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