15.5.12

A Respeito do Uno


Cena:
Quatro pessoas numa sala, uma delas sou eu.

Análise:
Se olho pra uma delas: é você.
As duas que eu não olho são eles.

Se olho pra duas delas: são vocês.
A uma que eu não olho é ele.

As três juntas: vocês de novo ( só que um vocês maior )

Combino elas como der na telha, conjugo elas como bem entender. Há várias variáveis.
(Inclusive nós, agrupamento ilusório...)
Mas eu!, eu só existe um. Intransferível, eu é um título obrigatório.
Eu é um crachá costurado a fio de ferro nas veias de cada um.
E quando eu acabar, não vai ter mais pensamento pra saber que acabou...
Quando eu acabar, não passa a ser outra coisa. Tudo acaba junto com o eu.


Eu dói.
Eu é uma coleira apertada no último furo - sempre diabolicamente mais apertada do que o pescoço aguenta...
Por isso que ficamos os eu-cães por aí, cada vez mais enfiando as patas traseiras na goela, como uns paspalhões desprovidos de dedo e conhecimentos gerais de engenharia e artefatos humanos, tentando arrancar  fora a forca disfarçada de linguística.

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