11.5.12

Infra-lunar

Uma clareira de piche no meio do mar de seres humanos.
A três passos da humanidade existe um lago de mato onde uma pessoa ou duas podem metralhar os medos todos.
Depois que o fogo acerta a gente não tem mesmo outra coisa a fazer exceto queimar.
Depois que o escuro acerta a gente não tem mesmo outra coisa a fazer exceto escurecer.
E depois que queima, nada.
E depois que escurece, nada.
E o nada é a tranquilidade do morto.
Mas na lagoa de mato sob a lua hoje, eu não pude deixar a cãibra de lado.
Ela me persegue no inferno e no sonho, na minha voz e no meu jeito de encostar um cílio no outro.
Eu odeio mentirosos, eu odeio mentirosos, eu odeio.
E a lua é linda e duas pessoas poderiam até metralhar os medos alí debaixo...
Até poderiam... mas só se uma das duas não fosse eu.

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