30.5.12

Minha cabeça vai cair enquando leio Bukowski.
E e daí o Bukowski?
Minha cabeça vai cair enquanto ando na rua.
Minha cabeça vai cair enquanto desando na vida.
Minha cabeça despenca... ou melhor, quem dera despencasse mesmo!
Mas fica aí pendurada por um ilhote de pele, fazendo os ossos se chocarem a cada movimento.

Tem um troço errado com o meu crânio.
Osso dói?
Fui sendo surpreendida pelos anos, descobrindo sensibilidades em coisas que não têm nem pele nem coração para sentir coisa nenhuma; e os que tem pele e coração parecem não sentir minhas espetadas.

Mas meus pensamentos doem às vezes, e chegam até a gemer como que enfiassem machadadas pelos seus fundilhos.
Pensamento passou a ter fundilho quando passou a levar machadada e passou a levar machadada quando passou a sentir dor.
Passou a sentir dor por causa de quê?
Quando eu era criança pensamento era só pensamento e osso era duro como deveria ser.
E osso era pedra e pedra não sente.
Quando eu era criança carne sentia, pele sentia.
Hoje minha pele e minha carne perderam o tato, e o meu pulmão lateja e o meu coração sopra ar.
Tudo bagunçado ao ponto que me ponho num canto e desato a gargalhar.

Quando eu gargalho meu cérebro desmonta, meu crânio ameaça pular fora.
Tem um troço errado com a minha cabeça, parece que eu piso nela ao invés de pisar no chão.
Tenho pés de chumbo e cabeça de gelatina.
Pensamento sente dor?
O pé de chumbo ultrapassa a gelatina e acerta os lobos que protegem as ideias.
O pé de chumbo faz as memórias doerem...
Não quero andar, quero sentar e não deixar nada mais virar memória porque não quero que nada mais doa.
Não é o pensamento que sente dor... é o pensamento que a causa.

Nenhum comentário:

Postar um comentário