14.5.12

Sobre os viciados

Você é um influenciado compulsivo pelas sombras lunares.
O céu é cheio de uns pontilhados extravagantes a que os caras deram nome de "estrelas", mas essas tais dessas estrelas tanto faz. Você não dá a mínima.
Existe uma força maior que se sobrepõe, uma força cheia de talentos hipnóticos.
É como se as sombras lunares fossem buracos-negros emocionais.
Uma olhada e o seu peito começa a ser puxado para fora do corpo, lentamente, invariavelmente, irrevogavelmente.. para longe de todo o resto.
Você anda pela calçada gelada e suas pernas fazem o serviço por conta própria. Alguém te pára e você responde roboticamente. Tudo irrelevante e robótico, mesmo. Tudo frouxo.
A cabeça, as pernas, as mãos, a voz, os pulmões: estão todos alí batendo o ponto, menos o peito.
Seu tórax é a alma gêmea do lado escuro da Lua.
São polos opostos, se atraem quase que deliciosamente.
Seu coração se afoga na Cratera Daedalus como um recém nascido atirado ao mar. Completamente despreparado.
E ainda que o céu esteja azul e sua cabeça pense nesse diacho de azul, uma seção larga do seu corpo (do umbigo até a garganta, mais ou menos) sabe que a Lua tá lá, sempre lá, por trás de tudo, sondando sob as cortinas da atmosfera.
Chega a madrugada (mais precisamente as quatro da manhã) e não há escape algum. Simplesmente não há portas de saída.
É como a languidez lunar te enlaçasse ofidicamente pelo centro de tudo que você é.
Te arrastasse mesmo... cheia de sexualidade.
Uma sádica de primeira!
Quanto mais você chora mais ela gosta.

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