5.6.12

E se a gente desgosta do gosto da carapaça?
(É a carapaça que pega o mundo com a mão e põe na boca da gente.)

A mão da carapaça tem gosto ruim, infecta o mundo.
A mão da carapaça faz o mundo ter gosto de buraco.

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Nunca vou saber desentalar essa consciência da minha goela:
Deixo células mortas da minha pele em tudo o que toco (obsceno feito cobra mudando de pele), deixo meus ácaros a cada expirar.

Meu CO2 leva mais que carbono e oxigênio.
Meio que leva chumbo, talvez, se vale um palpite...
Meu ar sai de mim e cai direto pro chão. Pá!
Fico olhando ele (eu?) estatelado, inútil.
Meu ar não é mais ar, desvirtuo o ar (e eu).

Quero dar de cara com a medusa, seja desgraçada quanto for, que quero ver se ela me ensina a deixar de ser gente de uma vez por todas.
Quero que o meu nariz vire calcário e meus pulmões também.
Que calcário não cospe ar, que calcário não cospe nada...
Calcário não sabe cuspir.
Não quero cuspir mais nem ar, nem mais palavra.
Há mais humanidade em mim do que sou capaz de gerenciar.




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