29.7.12

Mestre, meu querido mestre...


Essa sensação de que a única pessoa a quem se vale confiar é um poeta que já morreu...
Toda a vida vai se definhando feito um algodão agarrado numa árvore.
Bate um vento e ele se esgarça mais e mais, infinitamente, depressivamente...
As pessoas se esgarçaram pra mim.
Olho pra elas e não as reconheço e não reconheço aquilo que de mim dei a elas.
Que será que eu era quando elas eram aquilo que eu achava que elas fossem?
Tudo está aterrado num terreno estranho, de uma gravidade que não é a minha. Sinto vômito subindo pelo nariz e tento achar um balde para me aparar os engasgos.
Mas não existem baldes nesse chão de gravidade bizarra.
Nem baldes nem ombros nem corrimões e nem nada.
Confio no poeta (e só no poeta), que os mortos não tem dom para decepcionar.

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