30.11.12

Nem a lua, nem a calçada, nem os cães e os lobos, nem o lago, nem uma nuvem.
Tudo é passado. Constantemente passado. Miseravelmente passado.
Da saudade aos cadáveres postos, aos objetos de lembrança, ao nada, etc.
A todo instante podemos fazer um funeral para aquilo que eramos há exato um segundo atrás.
Não dá tempo... nunca dá tempo da gente ser.
Somos como um brinquedinho de rodas traseiras aceleradas que capota em cada curva.
E sempre começa de novo... por que isso é uma obrigação.
Começar de novo, começar de novo, começar de novo. Trinta vezes ao dia. Mais...
Não é como se houvesse a possibilidade de levantar a bandeirinha branca por trás da trincheira e conseguir do universo uma trégua. Não há tréguas.
A vida é como fizessem a gente engolir um balde d'água numa golada...
A todo momento é preciso existir, mas ao mesmo tempo se lembrar que já não somos mais o que éramos e que ainda não somos o que vamos vir a ser e que não podemos ser aquilo que a gente queria e também que não conseguimos ser nem o agora, porque o agora é rápido demais.
E é aí que a gente pára.
O agora acabou antes do meu ponto final. E no agora do ponto final não coube a frase seguinte... e por aí vai.
O tempo me espreme dentro dele...
Ou será que eu sou para ele como uma das casinhas dos segundos por onde quica um ponteiro?
(Na proporção de uma presença para cinquenta e nove de puro lapso.)

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