17.2.16

No canto do mato onde a coruja pia baixo discreta eu vi um moço ajoelhado como farrapo catando moscas dos cotovelos.
Esse homem-sombra muitas vezes refletia no abismo que era seu rosto a minha própria cara de sombra. Eu sou um ser sem nome.
Um encontro como esses muitas vezes salva: é preciso se ver para acertar a postura...
Outras vezes esses encontros partem: cacos de nós pelo chão úmido da noite.
Eu queria que o homem-sombra ficasse por perto porque seja lá o que ele é, o que ele faz, o que ele não faz e o que ele desrepresenta, eu ser-sozinho não sei ser.
Eu quero que a lua me coma de uma só vez e que meus farelos se deitem no céu com as estrelas.

Um comentário:

  1. Ser comida pela lua é erótico. Ainda mais quando ao ser comida, escorre um gozo de farelos que cintila com as estrelas.

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